sexta-feira, 1 de junho de 2012

Relatos de Mesas - Mesa 1

O encerramento da IV Jornada das Licenciaturas da USP apresentou aos participantes o relato das 5 Mesas e dos 4 Grupos Temáticos realizados nos dias 10 e 11. Os relatos serão disponibilizados no blog da IV Jornada, como forma de registro da grande variedade de proposições e discussões, para que possam ser consultados por todos os interessados no debate sobre os cursos de licenciatura e o compromisso com a educação pública.


Mesa 1 - Formação de Professores: as experiências da USP, UNESP e UNICAMP

Coordenadora
Maria Christina de Souza Lima Rizzi – Licenciatura CAP/ECA

Convidados
Sonia Teresinha de Sousa Penin – FE/USP
Guilherme do Val Toledo Prado – UNICAMP
Maria Valeria Barbosa Verissimo - UNESP
Iole de Freitas Druck – IME – CIL

Sonia Teresinha de Sousa Penin – FE/USP

Professora Titular da Faculdade de Educação da USP de onde foi diretora. Coordenou a concepção do PFUSP tendo sido a 1ª. Presidente da CIL. Pesquisa Didática e Teorias de Ensino.

No início de sua fala a Profa. Sonia Penin apontou a necessidade de pesquisa sobre a formação de professores e neste sentido deu como exemplo positivo o seguinte artigo publicado por professoras, membros da Comissão Interunidades das Licenciaturas da USP (CIL):

PIPITONE, M. A. P. ; ZUFFI, E. M. ; RIVAS, N. P. P. . Um programa de formação de professores em constituição e ação: o caso da Universidade de São Paulo. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 91, p. 144-160, 2010.

Calculou que tendo se passado oito anos desde a publicação do Programa de Formação de Professores – PFPUSP - é necessário que nos perguntemos se este é realmente o melhor caminho para a formação de professores.

Mencionou que foi publicado na última 3ª. Feira (8 de maio de 2012) o Relatório de Monitoramento Global da UNESCO (que coloca o Brasil entre os países com boa colocação em qualidade educacional) e, considerando o Relatório de Desenvolvimento Humano (índice de IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) (em que o Brasil aparece com alto índice de desenvolvimento humano) além do fato do pais atualmente ocupar o 6º. Lugar na Economia Mundial tendo passado na frente da Inglaterra, essas estáticas e colocações não estão refletidas positivamente na Educação Nacional. O Brasil está com pior situação que países mais pobres da América latina como Cuba, Equador e Bolívia.

Segundo Sonia é preciso haver uma estratégia para a Educação Básica garantido que os professores formados na Universidade passem a atuar na Escola Pública é que para isso, um dos caminhos é a valorização da carreira de professor.

Citou uma pesquisa realizada com alunos de 41 instituições de ensino superior sobre como chegaram às licenciaturas. Considera importante que nos perguntarmos como estamos em relação à formação de professores; como devemos fazer para mudar a situação desfavorável em termos de políticas públicas; o que devemos apresentar como demandas às instituições no sentido de uma melhor governabilidade.

Também, que façamos estágios em determinadas escolas (em oposição a faze-los em várias escolas desconexadamente) e, que possamos acompanhar qual a efetiva colaboração do PFPUSP para estas escolas públicas.

Acredita que a USP deva ser uma referência em termos de formação e reflexão crítrica.

Contextualiza o desprestígio da formação de professores na gênese da USP quando os professores contratados para as licenciaturas foram, internamente, considerados de 2ª classe. Denuncia que este preconceito (absurdamente) se mantém.

A Profa. Sonia foi muito aplaudida ao final de sua fala pois suas colaborações e posturas foram importantes para a reflexão sobre o PFPUSP e seu desenvolvimento.

Guilherme do Val Toledo Prado – UNICAMP

Professor Doutor da Faculdade de Educação ; Vice-presidente da Subcomissão Permanente de Formação de Professores , UNICAMP

O Prof . Guilherme apresentou-se como participante da Subcomissão Permanente de Formação de Professores da UNICAMP que tem como objetivos:

I. Atuar como fórum de discussão e articulação da política de formação de professores na Unicamp; II. Estabelecer parâmetros que orientem as análises das proposições curriculares dos diferentes cursos de Formação de Professores da Unicamp; III. Analisar a pertinência e consistência acadêmica dos diferentes projetos pedagógicos dos cursos de Formação de Professores, assim como zelar pela cooperação entre eles; IV. Acompanhar o desenvolvimento das atividades de ensino de cada curso, de acordo com os respectivos projetos pedagógicos, fornecendo subsídios para Coordenações e Comissões de Graduação no que concerne à constante avaliação de suas proposições curriculares; V. Produzir informações relativas aos cursos de Formação de Professores da Unicamp.

http://www.prg.unicamp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=162&Itemid=100&lang=pt acesso em 14 de maio de 2012

Divulgou que a UNICAMP tem 24 licenciaturas em 14 cursos diurnos e 8 noturnos e que considerando-se o total de alunos da Universidade 20% destes cursam licenciatura; que foi formado um GT com todos os diretores das unidades com licenciatura para a pesquisa e sustentação da formação de professores; que houve a contratação de 16 professores, com laboratórios interunidades além de terem sido feitos convênios com diversos órgãos para o cumprimento desses objetivos.

Destacou que o desenvolvimento do Programa PIBID na Universidade está revelando a urgência com que precisam ser tratadas as questões relativas à profissão docente. Pontua que a compreensão e ações relacionadas á formação deste profissional ainda está circunscrita aos estágios. Ressalta que a escola é o grande foco das práticas disciplinares deixando de contemplasse tantas outras oportunidades profissionais existentes como campo de atuação nos dias de hoje.

Propôs que a pós-graduação fomente também pesquisas específicas dos processos de educação e formação dos professores com a mesma importância atribuída às outras áreas de conhecimento.

Tendo a FAPESP uma linha intitulada “Melhoria do Ensino Público”, perguntou se não seria o caso de fazer um seminário e publicação das experiências exitosas da USP, da UNESP e da UNICAMP na formação de professores.

Advogou que seja criado um programa complementar ao PIBID, com um caráter de residência educacional para fortalecer o ethos profissional do professor em formação.

Discorreu sobre um Programa recém implantado pela UNICAMP visando oferecer a melhores alunos das escolas da rede pública, em Campinas, um ingresso diferenciado na Universidade:

ProFIS, ou Programa de Formação Interdisciplinar Superior, é o novo curso piloto de ensino superior da UNICAMP voltado aos estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas de Campinas. A seleção de estudantes para as 120 vagas do curso não é feita através do vestibular, mas com base nas notas do ENEM. Para cada escola pública de ensino médio do município de Campinas é garantida uma vaga. O currículo do ProFIS inclui disciplinas das áreas de ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas, distribuídas por dois anos de curso. O objetivo é oferecer aos alunos uma visão integrada do mundo contemporâneo, capacitando-os para exercer as mais distintas profissões. Concluído o ProFIS, o aluno pode ingressar, sem vestibular, em um curso de graduação da UNICAMP. Além disso, os formandos recebem um certificado de conclusão de curso sequencial de ensino superior. http://www.prg.unicamp.br/profis/ acesso em 14 de maio de 2012.

As ideias trazidas pelo Prof. Guilherme foram bem recebidas pelos professores e alunos participantes da Jornada. Foi aplaudido pelas informações e inspirações que foram trazidas.

Maria Valeria Barbosa Verissimo - UNESP

Professora Doutora da UNESP, campus de Marília na área de Sociologia da Educação. Coordenadora do PIBID na UNESP e militante há mais de 20 anos na defesa da Educação.

A Profa. Maria Vitória, que participou dos Núcleos de Ensino (NEP) da UNESP( projeto semelhante ao PIBID, embora anterior) iniciou seu relato apresentando algumas informações sobre a formação de professores na UNESP e novas propostas:

- não há uma faculdade de Pedagogia na UNESP, o que há são cursos nos diversos campi;

- são 47 licenciaturas, oferecidas em 17 unidades, em 14 campi;

- houve um seminário, com duração de três dias no NEP, em Bauru, ocasião em que foram discutidas as dicotomias, tais como, bacharelado X licenciatura, professor X pesquisador, teoria X prática;

- a implantação das práticas como componentes curriculares (PCCs) ainda está difícil;

- sugere que o trabalho com estágios supervisionados sejam computados na carga horária docente dos professores ministrantes e que estes tenham sob sua supervisão um número menor de alunos, em cada turma, para o acompanhamento efetivo, de todo o processo nas escolas campo de estágio;

- alerta que os estagiários não devem ser considerados “mão de obra barata”;

- Propôs a criação de uma comissão interinstitucional com professores das licenciaturas da USP, da UNESP e da UNICAMP.

Complementou a sua fala com a apresentação da Deliberação no. 111 do Conselho Estadual de Educação que altera substancialmente a visão de formação de professores da USP e também das outras universidades públicas paulistas. Este assunto, grave e urgente demandará desdobramentos específicos.

Todas as propostas formuladas tiveram boa acolhida por parte do auditório. Houve muito aplauso, entusiasmo e as primeiras tratativas para a operacionalização da criação da comissão USP, UNESP e UNICAMP.

Iole de Freitas Druck – IME – CIL

Professora Doutora do Instituto de Matemática e Estatística da USP com pesquisa realizada na área de Lógica. Coordena o Curso de Licenciatura em Matemática há 18 anos. Coordenou o Fórum das Licenciaturas da USP realizados em 1989 e 1990. Participou de todo processo de discussão e implantação do PFPUSP. Foi presidente da Comissão Interunidades das Licenciaturas – CIL -, da USP, de 2007 a 2010.

A professora Iole fez, no início de sua fala, uma apresentação dos principais pontos do PFPUSP e apontou que entre os vários avanços conquistados pelo PFPUSP, no âmbito da CIL e da USP falta ainda avançar no desenvolvimento de projetos integrados entre as várias licenciaturas, na flexibilização das estruturas curriculares, na avaliação das novas disciplinas iniciais oferecidas às licenciaturas pelas unidades e na compreensão e na execução das Práticas como Componentes Curriculares.

Acredita que o PFPUSP tenha trazido, com sua implantação, um avanço no desejável término da dicotomia entre licenciatura e bacharelado.

Ela apoia a realização dos estágios em escolas previamente determinadas que façam parte de um convênio , em parceria, o que deve permitir o oferecimento de capacitação contínua aos professores envolvidos com os estágios.

Ao final da fala, por intervenção da plateia, abordou-se a questão do ingresso no vestibular para as licenciaturas ser feito por inscrição diretamente na licenciatura ou por opção no decorrer do curso. Sobre isto, não há ainda clareza e decisão sendo importante assunto a ser abordado nas discussões da CIL.

Relatos de Mesas - Mesa 2

Mesa 2 - Programa de Formação de Professores da USP: situação atual

Coordenadora
Vera Bohomoletz

Convidados
Maria Angélica Penatti Pipitone – vice-presidente da CIL (ESALQ)
Glória da Anunciação Alves (Geografia/FFLCH)
Manoel Oriosvaldo de Moura (FE)

Maria Angélica Penatti Pipitone

Vice-presidente da CIL (ESALQ) Coordenadora da Licenciatura em Ciências Agrárias e Biológicas da ESALQ até o 7 de maio deste ano, representante da ESALQ junto à CIL desde 2001, é professora de Didática e de Política da Educação. Maria Angélica fez um breve histórico do Programa de Formação de Professores da USP (PFPUSP), cuja origem teve motivação legal e interna. Ada Grinover, então Pró-Reitora de Graduação (1997-2001), propõe a idéia. Menciona Sonia Penin, pesquisa Histórico USP e Professor, publicação da revista do IEA. Em 2001, cria-se a Comissão Permanente da Licenciatura que, em 2005, transforma-se na CIL. Uma idéia fundamental que permeou as discussões das duas comissões era a de diálogo e repeito às especificidades.

Na ESALQ, a Licenciatura em Ciências Agrárias e Biológicas mantém três laboratórios de ensino, pesquisa e extensão, incluindo o Laboratório Didático e de Trabalho Docente e o Laboratório de Estudos da Educação. Mantém um convêrnio com 60 escolas públicas via Diretoria Regional de Ensino (DRE) e Centro Paula Souza (CEETEPS). Na unidade, foram realizados 3 simpósios da Licenciatura.

Glória da Anunciação Alves (Geografia/FFLCH) 

Graduada e licenciada em Geografia pelo departamento de Geografia da FFLCH, mestrado e doutorado em Geografia Humana, Glória é representante da CoC da Licenciatura em Geografia e membro da CoC do Bacharelado. Trabalhou em escola da rede pública estadual por dez anos e é coordenadora do projeto de extensão intitulado Semana da Geografia, dedicada à articulação entre a escola pública e os alunos do curso de licenciatura/bacharelado em Geografia.

Glória coloca algumas questões a ser enfrentadas pela CIL: é necessário contaminar os professores das Licenciaturas com o PFPUSP. Embora as ações para implementar o programa tenham se iniciado em 2008, ainda falta divulgar os objetivos e motivar o conjunto de professores das Licenciaturas para um maior envolvimento na implementação completa do programa. Afirma que há a necessidade de uma maior articulação na USP.

Relatou sobre alguns problemas da implementação do PFPUSP relativos ao curso de Geografia: a entrada dos estudantes via o bacharelado, a efetivação incompleta do PFPUSP – por exemplo, quanto à implantação dos PCCs (Prática como Componente Curricular), a falta de entendimento do processo de ensino por parte dos professores, falta de condições materiais e humanas (a ausência do educador). Em relação à falta de entendimento do processo de ensino, por parte dos professores, citou a necessidade de que se ensine ao aluno a fazer resenhas, seminários, pois ele não sabe, mas este tipo de ensino é considerado pelos professores algo menor, intuitivo. Ainda como um obstáculo à efetivação real do PFPUSP citou a desqualificação da docência na própria USP, já que a qualidade da docência não faz parte da avaliação do docente USP.

Manoel Oriosvaldo de Moura (FE)

Presidente da Comissão de Graduação da Faculdade de Educação, Oriosvaldo referiu-se aos objetivos do PFPUSP como o de promover professores comprometidos com a transformação, com a humanização, numa universidade de pequisa, que constitui a apropriação da cultura. Discorreu sobre teorias de ensino e aprendizagem que demonstram a necessidade da formação contínua para o ensinar, por parte do licenciando.

Do debate que se seguiu às apresentações, surgiram algumas propostas para a CIL e para o conjunto das Licenciaturas:

1. Promover a aproximação entre as unidades e a Faculdade de Educação, para o desenvolvimento de trabalho conjunto na formação dos professores.
2. Promover um fórum de análise conjunta dos Projetos Políticos Pedagógicos das unidades para reflexão e encontrar pontos de contato.
3. Necessidade de revisão da matriz curricular como um todo, nas unidades, frente às demandas do PFPUSP, que acabaram sendo apenas adicionadas à carga horária anterior.
4. Reivindicar prioridade para contratação de docentes e educadores para as licenciaturas.

Relatos de Mesas - Mesa 3

Mesa 3 - Formação de professores da USP: perspectivas e desafios

Coordenadora
Carmen Sylvia Vidigal Moraes/ FEUSP

Participantes
Noeli P. Padilha Rivas - Departamento de Educação / FFCL -USP Ribeirão Preto
Sylvia Bassetto - Departamento de Geografia – FFLCH-USP
Lisete R. Gomes Arelaro - FEUSP
Rubens Barbosa de Camargo - FEUSP

Principais propostas, recomendações, encaminhamentos:

1. Face à gravidade do quadro educacional apontado nas pesquisas apresentadas pelo Prof. Rubens, relativo ao perfil sócio – econômico e cultural de nossos alunos e à queda permanente e acentuada nas matrículas e conclusões dos cursos de formação de professores no país, e nos da USP, acompanhado da elevação das matrículas nos cursos à distância, foram propostas medidas visando a maior politização da relação Universidade e escola pública. Considerou-se obrigatória e urgente a intervenção institucional, no plano interno e externo, protagonizada pela CIL-USP, em conjunto com as universidades públicas do Estado de São Paulo – Unesp e Unicamp (presentes ao debate) - para garantir:

• o desenvolvimento, pelas universidades, de medidas institucionais que possam superar a dificuldades de acesso e permanência dos alunos nos cursos de licenciatura, com uma política ampliada e permanente de bolsas de estudos, bolsas trabalho e permanência - destinadas aos alunos iniciantes dos cursos de graduação das Licenciaturas;

• a realização de projetos de capacitação em serviço, presencial, destinadas aos docentes da educação básica elaborados pelas universidades junto às redes públicas, com o envolvimento das diferentes Licenciaturas na sua elaboração, realização, acompanhamento e supervisão/ avaliação;

• a pressão política das universidades sobre os governos municipais e estadual no sentido de se assegurar uma política concreta de valorização da profissão docente, que promova melhores condições de trabalho e salários compatíveis aos professores da escola pública, plano de carreira e capacitação permanente em serviço;

• o compromisso institucional da USP e demais universidades públicas na luta pelos 10% do PIB para a educação no Plano Nacional de Educação (2011-2020).

2. Manifestação institucional da USP (Pró-Reitoria de Graduação e CIL) e demais universidades públicas no sentido de promover o debate e posicionamento sobre a pertinência da Deliberação do Conselho estadual de Educação/CEE n 11 de 2012 (já aprovada como Resolução), que “ fixa as diretrizes curriculares complementares para a Formação de Docentes para a educação básica nos cursos de Graduação de Pedagogia, Normal Superior e Licenciaturas, oferecidos pelos estabelecimentos do ensino superior vinculados ao sistema estadual”, a qual apresenta visão contrária à concepção de educação e, também, de formação docente defendidas nos projetos de formação do professor em implementação nas universidades públicas paulistas. Neste sentido, cabe à CIL organizar/ coordenar a agenda de discussão interna e em conjunto com Unesp e Unicamp.

3. Manifestação/ posicionamento da CIL no sentido de a USP garantir as condições internas, de infraestrutura do Programa de Formação de Professores da USP, tais como a contratação imediata de professores para os cursos de Licenciatura e dos educadores que devem atuar na supervisão dos estágios. Tais condições são requisitos indispensáveis para a efetiva implementação do Programa, com a qualidade propiciada pelo desenvolvimento do trabalho integrado de professores de Licenciatura dos diferentes cursos/Unidades, pela efetivação de projetos integradores como o da “Unidade de Estágio”, e para a potencialização dos resultados de ações conjuntas recentes, como as do Pibid/Capes.

Relatos de Mesas - Mesa 4

Mesa 4 - A realidade dos egressos das Licenciaturas da USP no Ensino Público

Coordenadora
Denise de La Corte Bacci – Licenciatura IGc

Convidados
Selma Garrido - FE
Ana Paula do Nascimento - Bolsista FE
Jucivagno Francisco Cambuhy - Bolsista IF
Luciane Eliza dos Santos - Bolsista FE
Verônica Marcel Guridi – EACH – CIL

Profa. Selma Garrido Pimenta

Apresentou pesquisa sobre os egressos de diversos cursos de licenciatura da USP, com exceção do curso de Pedagogia, no período de 2005-2008, pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação do Educador – GEPEFE, mapeando a formação universitária, o egresso e a inserção profissional. O projeto em andamento mostra até o momento que 44% dos alunos que participaram da pesquisa estão atuando na rede pública e 28% na rede particular.

A Profa. ressaltou a importância da pesquisa na área de formação de professores para fortalecer o PFPUSP de forma que se implemente efetivamente por meio da força do argumento da pesquisa.

A inclusão e a diversidade que se encontram na escola têm sido pouco discutidas nos programas de formação de professores. O professor vai se deparar cada vez mais com essa situação nas escolas.

Conclamou por ações mais agressivas por parte da CIL, pois após 4 anos de sua gestão como Pro-Reitora de Graduação, muitas coisas ainda não foram feitas e não saíram do papel.

Prof. Verônica Guridi

Apresentou pesquisa com alunos do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – LCH – EACH sobre os egressos em relação à vivência profissional após saírem da universidade. Relatou que muitos desempenham papel na escola pública, mas também em Parques e Museus. Os egressos que estudaram na escola pública procuram voltar às escolas públicas para trabalhar. Ressaltou alguns problemas do curso, que ainda é novo, como a questão de concursos e dos alunos não conseguirem tomar posse em cargos públicos, pois nos editais os nome do curso ainda não aparece.

Jucivagno Francisco Cambuhy - Bolsista Educador do Instituto de Física

Apresentou um relato pessoal da sua formação na licenciatura em Física no IF trazendo dados sobre a realidade dos estudantes nas licenciaturas. A universidade mudou as suas oportunidades de emprego e ele teve apoio e aproveitou as oportunidades que a universidade ofereceu.

Relatou que muitos alunos não vão para escola pública porque se sentem inseguros para lecionar, preferindo ser professor eventual. Apresentou relatos das escolas que estagiou, comparando duas realidades diferentes e também as surpresas que teve na escola pública que trabalha atualmente, equipada com materiais de informática e bons recursos materiais, da diversidade e da questão da inclusão, ressaltando que os alunos das licenciaturas não estão preparados para trabalhar com alunos especiais e com deficiência visual ou auditiva. Reforçou que muitos alunos voltam para escola pública porque querem dar um retorno e fazer algo para mudar a realidade das escolas que estudaram. Assumem os desafios da escola pública.

Luciana Eliza dos Santos - Bolsista Educador da FEUSP

Relatou que nos estágios que tem acompanhado e na visita às escolas campo tem encontrado muitos egressos da USP. Ressaltou a importância do desenvolvimento dos estágios nas licenciaturas, pois os estágios trazem a experiência da realidade das escolas e vivência para os futuros professores.

Relatos de Mesas - Mesa 5


Mesa 5 – Estágios e parcerias com a escola pública

Coordenadora 
Neide Luzia de Rezende

Convidados
Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira - FE
Vera Bohomoletz Henriques - IF
Maria Inês Batista Campos - FFLCH
Heloísa Brito A. Costa - FFLCH
Maria Christina de Souza Lima Rizzi - ECA
Sirley Ambrósia Vitório Oliveira - Bolsista IME

Os professores convidados são ou foram coordenadores de CoCs com assento na CIL (Comissão Interunidades das Licenciaturas) e apresentaram aspectos do Estágio tanto no que se refere à situação atual de inserção na grade quanto às características dos estágios realizados nas escolas parceiras.

Destacaram o modo como está configurada a Licenciatura em suas unidades: inserção das disciplinas na grade horária, número de horas, características da unidade (FE sofre com a insuficiência de professores e educadores diante do número de alunos e da quantidade de horas de estágio; Letras não possui educador).

A professora do IF e a bolsista do IME também identificaram escolas parceiras onde o estágio é realizado de modo muito positivo. Na ECA, a professora Rizzi destacou a importância que o estágio sempre teve e continua tendo no âmbito das 4 Licenciaturas ali existentes.

Todos os convidados enfatizaram a necessidade de aperfeiçoar com urgência o Programa de Formação de Professores. Ampliar e reforçar os convênios com as escolas públicas, ampliar o número de educadores, diminuir a distância entre as unidades e fomentar a formação continuada de professores foram as principais reivindicações trazidas pelos participantes desta mesa.

Relatos de Grupos Temáticos - Grupo Temático 1

Grupo Temático 1 - Compromisso da USP com as licenciaturas

Coordenadora
Cecilia Hanna Mate – Faculdade de Educação

Participaram 20 pessoas nos dois dias e os pontos escolhidos pelo grupo foram:

 • Necessidade de ajuste dos cursos de licenciatura com os estágios e as escolas campo. Conversar com o currículo real das escolas e necessidade de discutir como nós, professores, lidamos com esse retorno que vem das escolas;

• Criação de um fórum de discussão dentro da próxima jornada ou um dia específico para relato dos estagiários;

• O perfil do docente da licenciatura. Como trabalhar nossas disciplinas? Como são os concursos para a entrada na universidade? É exigida experiência no ensino básico? Como estão nossas aulas?

• A realização dos estágios em escola pública. Apesar da não obrigatoriedade pode-se sugerir e incentivar o aluno para que ele opte pela escola pública;

• Discutir a relação da FE com as demais unidades em termos da praticidade (ajustes na questão dos horários e grades) e também da intensificação do diálogo .

• Cursos com licenciatura diferenciada. É necessário fazer essa discussão sobre os cursos como Ciências da Natureza da EACH, pois os alunos licenciados não conseguem assumir nas escolas, já que nos editais de concurso esses cursos não são reconhecidos. É necessária uma ação mais forte da CIL via reitoria e Secretaria de Educação, afinal estes cursos atendem a necessidade de interdisciplinaridade.

• Cumprimento da tabela de compromissos assumidos pelo Programa de Formação de Professores, como por exemplo contratação de educadores, já que o Programa vem crescendo como demonstrou esta Jornada.

Relatos de Grupos Temáticos - Grupo Temático 2

Grupo Temático 2 - As licenciaturas e evasão discente

Coordenadora
Elizabeth dos Santos Braga – FE 

Principais aspectos discutidos:

- Constatação de que a situação de evasão é crônica nos cursos e está relacionada, em grande parte, ao alto índice de reprovação em disciplinas;

- Situação do aluno trabalhador: dificuldade em conciliar trabalho e exigências dos cursos; preconceito e descaso de professores de determinados cursos de graduação contra alunos que trabalham;

- Condições adversas de trabalho no Ensino Básico causam desmotivação dos alunos em relação à profissão;

- Foco da USP em pesquisa e desvalorização dos cursos de licenciatura: pouco interesse por parte de docentes da USP pelo ensino de graduação; maior valorização dos bacharelandos do que dos licenciandos (e dos cursos de licenciatura) nas várias unidades; extrema valorização da publicação de artigos em detrimento das atividades docentes; entrada nas licenciaturas usada como “trampolim” para os bacharelados;

- Condição dos docentes de nível superior: falta de conhecimentos pedagógicos; falta de conhecimento e consideração da condição dos alunos reais;

- Situação dos cursos: currículos não são construídos levando-se em conta o público-alvo; separação entre o bloco de disciplinas específicas e disciplinas pedagógicas.

- Algumas sugestões: Pedagogia Universitária; oferecimento por parte da universidade de canais para o professor expressar suas dúvidas, anseios; garantia de contratação de professores que façam a interface com a educação (como proposto no PFPUSP); auxílio na permanência de alunos ingressantes (existência de projeto realizado junto ao Programa Ensinar com Pesquisa no curso de Licenciatura em Matemática que prevê sistema de monitoria e aponta para a necessidade de estabelecimento de uma política sistemática de monitoria, em especial para os primeiros anos do curso).

Relatos de Grupos Temáticos - Grupo Temático 3

Grupo Temático 3 - Especificidades e problemas dos estágios obrigatórios das Licenciaturas

Coordenadora
Dália Rosenthal

Grupo de Trabalho formado por docentes, educadores, monitores, estagiários do programa PIBID.

A partir dos relatos dos presentes vindos de diferentes áreas da Licenciatura tais como: enfermagem, letras, filosofia, matemática, física, química, artes visuais e música pudemos levantar os seguintes problemas:

- Problema do confronto entre a escola ideal e a escola real assim como da difícil relação da escola no sentido de comunicação , complexidade e infraestrutura para o trabalho.
- Conflito entre os alunos e a violência na escola.
- Conflito entre o discurso técnico e a pratica na escola.
- Necessidade de maior esclarecimento do papel do estagio e do estagiário assim como do estágio na formação do professor estabelecendo diálogo entre: a função do estagio e a demanda escolar.
- Problema de como estabelecer com maior profundidade vínculos e parcerias e como lidar com a burocracia do estagio na Universidade.
- Problema da valorização do estágio na Universidade.

Caminhos levantados:


- Aprofundamento do pensamento dialógico entre a Universidade e a Escola Pública.
- Observar o estagio como um espaço de pesquisa.
- Desenvolvimento de projetos coletivos e fortalecimento de equipes
- Respeito ao tempo necessário para que seja possível se estabelecer relações de confiança e comunicação entre todas as esferas envolvidas.
- Continuidade nas escolas envolvidas no processo de estagio.

Relatos de Grupos Temáticos - Grupo Temático 4

Grupo Temático 4 - Demandas das licenciaturas da USP às Secretarias de Educação 

Coordenador 
Ismar de Oliveira Soares – CCA/ECA

Quanto às demandas das licenciaturas da USP às Secretarias de Educação, foi proposto pelo grupo de discussão, a título de sugestão:

1- Que se reverta o sucateamento da educação – Propomos que a USP promova uma ação política da Universidade frente ao problema do sucateamento das escolas públicas pelo Estado, priorizando o tema da remuneração adequada do professor e das condições de trabalho;

2 - Que se reverta a política de contratação emergencial e precária de docentes para as escolas públicas estaduais, devido aos prejuízos que causa à educação, à vida da escola, aos alunos e principalmente aos docentes;

3 - Que se explicite a natureza da política estadual de formação continuada mediante cursos a distância em parceria com a Universidade - Promover um acompanhamento da política de formação continuada de professores do estado que leve a um diálogo da USP com o Estado sobre a natureza de tais programas na modalidade semi-presencial e a distância;

4 - Que se reconheça a competência dos egressos dos cursos de Licenciatura da USP - incluindo as emergentes (por exemplo: Licenciatura em Geociência, Licenciatura em Ciências da Natureza, Licenciatura em Educomunicação) - para a docência nas redes públicas de ensino, através da presença dessas licenciaturas nos editais de contratação docente;

5 - Que se crie espaços de apoio efetivo - incluindo canais de comunicação com as Diretorias de Ensino e as Escolas - que facilitem a implementação dos estágios das licenciaturas, de forma a beneficiar tanto o licenciando quanto os docentes e os alunos da escola pública.