sexta-feira, 1 de junho de 2012

Relatos de Mesas - Mesa 1

O encerramento da IV Jornada das Licenciaturas da USP apresentou aos participantes o relato das 5 Mesas e dos 4 Grupos Temáticos realizados nos dias 10 e 11. Os relatos serão disponibilizados no blog da IV Jornada, como forma de registro da grande variedade de proposições e discussões, para que possam ser consultados por todos os interessados no debate sobre os cursos de licenciatura e o compromisso com a educação pública.


Mesa 1 - Formação de Professores: as experiências da USP, UNESP e UNICAMP

Coordenadora
Maria Christina de Souza Lima Rizzi – Licenciatura CAP/ECA

Convidados
Sonia Teresinha de Sousa Penin – FE/USP
Guilherme do Val Toledo Prado – UNICAMP
Maria Valeria Barbosa Verissimo - UNESP
Iole de Freitas Druck – IME – CIL

Sonia Teresinha de Sousa Penin – FE/USP

Professora Titular da Faculdade de Educação da USP de onde foi diretora. Coordenou a concepção do PFUSP tendo sido a 1ª. Presidente da CIL. Pesquisa Didática e Teorias de Ensino.

No início de sua fala a Profa. Sonia Penin apontou a necessidade de pesquisa sobre a formação de professores e neste sentido deu como exemplo positivo o seguinte artigo publicado por professoras, membros da Comissão Interunidades das Licenciaturas da USP (CIL):

PIPITONE, M. A. P. ; ZUFFI, E. M. ; RIVAS, N. P. P. . Um programa de formação de professores em constituição e ação: o caso da Universidade de São Paulo. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 91, p. 144-160, 2010.

Calculou que tendo se passado oito anos desde a publicação do Programa de Formação de Professores – PFPUSP - é necessário que nos perguntemos se este é realmente o melhor caminho para a formação de professores.

Mencionou que foi publicado na última 3ª. Feira (8 de maio de 2012) o Relatório de Monitoramento Global da UNESCO (que coloca o Brasil entre os países com boa colocação em qualidade educacional) e, considerando o Relatório de Desenvolvimento Humano (índice de IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) (em que o Brasil aparece com alto índice de desenvolvimento humano) além do fato do pais atualmente ocupar o 6º. Lugar na Economia Mundial tendo passado na frente da Inglaterra, essas estáticas e colocações não estão refletidas positivamente na Educação Nacional. O Brasil está com pior situação que países mais pobres da América latina como Cuba, Equador e Bolívia.

Segundo Sonia é preciso haver uma estratégia para a Educação Básica garantido que os professores formados na Universidade passem a atuar na Escola Pública é que para isso, um dos caminhos é a valorização da carreira de professor.

Citou uma pesquisa realizada com alunos de 41 instituições de ensino superior sobre como chegaram às licenciaturas. Considera importante que nos perguntarmos como estamos em relação à formação de professores; como devemos fazer para mudar a situação desfavorável em termos de políticas públicas; o que devemos apresentar como demandas às instituições no sentido de uma melhor governabilidade.

Também, que façamos estágios em determinadas escolas (em oposição a faze-los em várias escolas desconexadamente) e, que possamos acompanhar qual a efetiva colaboração do PFPUSP para estas escolas públicas.

Acredita que a USP deva ser uma referência em termos de formação e reflexão crítrica.

Contextualiza o desprestígio da formação de professores na gênese da USP quando os professores contratados para as licenciaturas foram, internamente, considerados de 2ª classe. Denuncia que este preconceito (absurdamente) se mantém.

A Profa. Sonia foi muito aplaudida ao final de sua fala pois suas colaborações e posturas foram importantes para a reflexão sobre o PFPUSP e seu desenvolvimento.

Guilherme do Val Toledo Prado – UNICAMP

Professor Doutor da Faculdade de Educação ; Vice-presidente da Subcomissão Permanente de Formação de Professores , UNICAMP

O Prof . Guilherme apresentou-se como participante da Subcomissão Permanente de Formação de Professores da UNICAMP que tem como objetivos:

I. Atuar como fórum de discussão e articulação da política de formação de professores na Unicamp; II. Estabelecer parâmetros que orientem as análises das proposições curriculares dos diferentes cursos de Formação de Professores da Unicamp; III. Analisar a pertinência e consistência acadêmica dos diferentes projetos pedagógicos dos cursos de Formação de Professores, assim como zelar pela cooperação entre eles; IV. Acompanhar o desenvolvimento das atividades de ensino de cada curso, de acordo com os respectivos projetos pedagógicos, fornecendo subsídios para Coordenações e Comissões de Graduação no que concerne à constante avaliação de suas proposições curriculares; V. Produzir informações relativas aos cursos de Formação de Professores da Unicamp.

http://www.prg.unicamp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=162&Itemid=100&lang=pt acesso em 14 de maio de 2012

Divulgou que a UNICAMP tem 24 licenciaturas em 14 cursos diurnos e 8 noturnos e que considerando-se o total de alunos da Universidade 20% destes cursam licenciatura; que foi formado um GT com todos os diretores das unidades com licenciatura para a pesquisa e sustentação da formação de professores; que houve a contratação de 16 professores, com laboratórios interunidades além de terem sido feitos convênios com diversos órgãos para o cumprimento desses objetivos.

Destacou que o desenvolvimento do Programa PIBID na Universidade está revelando a urgência com que precisam ser tratadas as questões relativas à profissão docente. Pontua que a compreensão e ações relacionadas á formação deste profissional ainda está circunscrita aos estágios. Ressalta que a escola é o grande foco das práticas disciplinares deixando de contemplasse tantas outras oportunidades profissionais existentes como campo de atuação nos dias de hoje.

Propôs que a pós-graduação fomente também pesquisas específicas dos processos de educação e formação dos professores com a mesma importância atribuída às outras áreas de conhecimento.

Tendo a FAPESP uma linha intitulada “Melhoria do Ensino Público”, perguntou se não seria o caso de fazer um seminário e publicação das experiências exitosas da USP, da UNESP e da UNICAMP na formação de professores.

Advogou que seja criado um programa complementar ao PIBID, com um caráter de residência educacional para fortalecer o ethos profissional do professor em formação.

Discorreu sobre um Programa recém implantado pela UNICAMP visando oferecer a melhores alunos das escolas da rede pública, em Campinas, um ingresso diferenciado na Universidade:

ProFIS, ou Programa de Formação Interdisciplinar Superior, é o novo curso piloto de ensino superior da UNICAMP voltado aos estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas de Campinas. A seleção de estudantes para as 120 vagas do curso não é feita através do vestibular, mas com base nas notas do ENEM. Para cada escola pública de ensino médio do município de Campinas é garantida uma vaga. O currículo do ProFIS inclui disciplinas das áreas de ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas, distribuídas por dois anos de curso. O objetivo é oferecer aos alunos uma visão integrada do mundo contemporâneo, capacitando-os para exercer as mais distintas profissões. Concluído o ProFIS, o aluno pode ingressar, sem vestibular, em um curso de graduação da UNICAMP. Além disso, os formandos recebem um certificado de conclusão de curso sequencial de ensino superior. http://www.prg.unicamp.br/profis/ acesso em 14 de maio de 2012.

As ideias trazidas pelo Prof. Guilherme foram bem recebidas pelos professores e alunos participantes da Jornada. Foi aplaudido pelas informações e inspirações que foram trazidas.

Maria Valeria Barbosa Verissimo - UNESP

Professora Doutora da UNESP, campus de Marília na área de Sociologia da Educação. Coordenadora do PIBID na UNESP e militante há mais de 20 anos na defesa da Educação.

A Profa. Maria Vitória, que participou dos Núcleos de Ensino (NEP) da UNESP( projeto semelhante ao PIBID, embora anterior) iniciou seu relato apresentando algumas informações sobre a formação de professores na UNESP e novas propostas:

- não há uma faculdade de Pedagogia na UNESP, o que há são cursos nos diversos campi;

- são 47 licenciaturas, oferecidas em 17 unidades, em 14 campi;

- houve um seminário, com duração de três dias no NEP, em Bauru, ocasião em que foram discutidas as dicotomias, tais como, bacharelado X licenciatura, professor X pesquisador, teoria X prática;

- a implantação das práticas como componentes curriculares (PCCs) ainda está difícil;

- sugere que o trabalho com estágios supervisionados sejam computados na carga horária docente dos professores ministrantes e que estes tenham sob sua supervisão um número menor de alunos, em cada turma, para o acompanhamento efetivo, de todo o processo nas escolas campo de estágio;

- alerta que os estagiários não devem ser considerados “mão de obra barata”;

- Propôs a criação de uma comissão interinstitucional com professores das licenciaturas da USP, da UNESP e da UNICAMP.

Complementou a sua fala com a apresentação da Deliberação no. 111 do Conselho Estadual de Educação que altera substancialmente a visão de formação de professores da USP e também das outras universidades públicas paulistas. Este assunto, grave e urgente demandará desdobramentos específicos.

Todas as propostas formuladas tiveram boa acolhida por parte do auditório. Houve muito aplauso, entusiasmo e as primeiras tratativas para a operacionalização da criação da comissão USP, UNESP e UNICAMP.

Iole de Freitas Druck – IME – CIL

Professora Doutora do Instituto de Matemática e Estatística da USP com pesquisa realizada na área de Lógica. Coordena o Curso de Licenciatura em Matemática há 18 anos. Coordenou o Fórum das Licenciaturas da USP realizados em 1989 e 1990. Participou de todo processo de discussão e implantação do PFPUSP. Foi presidente da Comissão Interunidades das Licenciaturas – CIL -, da USP, de 2007 a 2010.

A professora Iole fez, no início de sua fala, uma apresentação dos principais pontos do PFPUSP e apontou que entre os vários avanços conquistados pelo PFPUSP, no âmbito da CIL e da USP falta ainda avançar no desenvolvimento de projetos integrados entre as várias licenciaturas, na flexibilização das estruturas curriculares, na avaliação das novas disciplinas iniciais oferecidas às licenciaturas pelas unidades e na compreensão e na execução das Práticas como Componentes Curriculares.

Acredita que o PFPUSP tenha trazido, com sua implantação, um avanço no desejável término da dicotomia entre licenciatura e bacharelado.

Ela apoia a realização dos estágios em escolas previamente determinadas que façam parte de um convênio , em parceria, o que deve permitir o oferecimento de capacitação contínua aos professores envolvidos com os estágios.

Ao final da fala, por intervenção da plateia, abordou-se a questão do ingresso no vestibular para as licenciaturas ser feito por inscrição diretamente na licenciatura ou por opção no decorrer do curso. Sobre isto, não há ainda clareza e decisão sendo importante assunto a ser abordado nas discussões da CIL.